domingo, 28 de novembro de 2010

Billie Holiday "One for my Baby (and one more for the road)"

"  tenho que adaptar a melodia ao meu jeito de cantar "
Billie Holiday


Escrever sempre me instigou, varar as madrugadas criando e construindo histórias, tornou-se parte comum aos meus dias O silêncio da madrugada, me proporciona conforto e bem estar. É no ambiente silencioso, que as palavras saltam de mim e passam a delinear formas e percorrer caminhos de interação crescente, do possível. Nesta madrugada, escrevi um conto de percurso inexplorado, montei um workshop e segui...o sol tem sido o suporte ideal pra me despertar do mundo on-line, é o meu consultor temporal.
 Ele chega acarinhando-me com calor e evidenciando que é hora de " despertar para o sono". É isso...quando o sol desperta eu adormeço. Quem dera pudesse ser sempre assim.Mas, o mundo que trilhamos é movido pela interação da horas e não dos seres e das emoções.
Hoje...como sempre faço ao me desligar daqui, percorro o facebook e escrevo " Domingo de muitos sorrisos, pra todos os amigos que acolho no coração e pra todos os que aqui se achegaram.Como disse Abade Pierre  Um sorriso custa menos que a eletricidade, mas proporciona uma luz enorme" desejei também,um bom café da manhã  e escrevi "sairei pra tomar meu café e ler meus jornais".O desacordo com o previsível aconteceu, vi uma mensagem do Carlos Tenreiro e tudo o mais girou em torno de uma só sinfonia Billie Billie ...Holly Billie, Holly Day.   
Carlos trouxe Luz...viajei através das frestas e agora repartilho com vocês !


Billie Holiday "One for my Baby (and one more for the road)"

Foi ontem, numa tarde de sol a pino por toda parte, que recebi o rosto de Billie. Ela veio inesperada, enrodilhada de um sagrado, olhando-me lá de dentro... ao mágico de meu olho sem palavras. Quando o sentido não era polido ainda, mas espanto de um sopro de palco, mesmo que lá dentro não se soubesse ainda que Billie se resguardava de acorde e profundidade, o silêncio era sinfonia requintada, toque de misteriosa arte. Da embalagem do leito onde Billie repousava seu rosto velado, o veludo noturno latejava sol como se os pensamentos de Billie atravessassem aquele espaço curto, num traçado inesgotável. Por fora se via a inscrição de Luz, cravada no lençol pardo de uma aurora anunciada. Sim, Luz, como um selo de uma rajada, guardião das atemporalidades, orixá dedilhado.

Quando entrei em seu leito circular, túnel de astro pulsar, eu a vi: Billie, com sua pele-mar, nas margens da noite, pincelada. Deixei que Billie se derramasse pelo dia em curso. Afoguei-me em seu traçado de verde-azul-mar. Náufrago, então lhe disse: - Sim, Billie, bebi tua face. E ela, com os olhos voltados para um mistério escuro, cantava um jazz profundo, um tom de luz num canto blues noturno-escarlate.

Então, disse-lhe baixinho: - Holly Billie, Holly Day. E Billie com seu blues, confessava-me: - Dear, ‘the blues are brewin’.

Billie cantava seus ais, enquanto a natureza em torno e em canto respirava-lhe: - Billie is blowing flowers in her black blossom eyes. E todo blues e jazz saia de seus lábios petalados em tom de luz, num bom de Louis, a invadir os descampados.
(Carlos A. F. Tenreiro)

2 comentários:

  1. Adorei e novo layout do blog...e Billie Holiday....é o que é, né? Bom demás!

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  2. obrigada Erika...Billie Holiday e Sarah Vaughan são referências da minha adolescência que me acompanham até hoje.Adoro!!! bjs

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