quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Amy Winehouse Com Vestes Que Desafinam !




Amy e os Globais


A propósito da passagem broxante de Amy Winehouse pelo Brasil, muito me chamou a atenção uma reportagem sobre um dos shows da moça – em São Paulo ou no Rio de Janeiro – em um programa de variedades vespertino da Rede Bandeirantes.
A repórter entrevistava celebridades – basicamente o que se convencionou chamar “globais” – que davam seus profundos depoimentos sobre sua devoção à cantora inglesa.
O melhor de tudo foi uma fofa com um desses rostos lindos, mas que a gente nunca sabe o nome, que declarou que gostava muuuuuuuuuuuito da Amy porque ela – e aqui eu faço questão de colocar aspas – “não faz música pop, faz música de verdade!” Ué?!? E a música pop é o quê? Delírio? Alucinação? Eu, na minha humildade, sempre achei que fosse “de verdade”, mas vai saber...
O fato é que Amy Winehouse tornou-se uma mula de salvação para todos que querem arrotar ares de sofisticação no seu gosto musical. Pessoas que nunca ouviram Billie Holiday ou Nina Simone ou mesmo as deliciosas preciosidades das gravadorasMotown Stax (pop até a medula, viu, fofa?) saem por aí dizendo que Winehouse é o máximo, que canta horrores, além de viver permanentemente à beira do abismo – o que, na mente de alguns, confere autenticidade a tudo o que ela diz em suas letras confessionais.
Bem, para quem pode achar que estou escrevendo tudo isso para falar mal de Amy, vai um esclarecimento: gosto bastante dos dois discos já lançados por ela (Frank e Back To Black), mas acho que Winehouse é essencialmente uma cantora de estúdios. Longe da proteção de grandes produtores, é uma artista insegura, cambaleante e errática. Quem já viu algum de seus milhares de vídeos soltos pelo You Tube sabe do que falo.
No palco, Amy olha para o chão, para os lados, desaparece sem motivo aparente, ameaça desabar o tempo inteiro. Timidez? Provavelmente, mas o pior de tudo é ter que assistir sua voz falhando, desafinando, errando e mutilando impiedosamente as canções que ela mesma escreveu.
No único DVD oficial de sua carreira até o momento, I Told You I Was Trouble: Amy Winehouse Live From London, o suplício se estende por mais de uma hora. A banda até tenta salvar a noite, mas quem compra o DVD (ou vai ao show) o faz para ver a cantora e não seus músicos.
Acho que a pior coisa que poderia ter acontecido à Winehouse foi o sucesso em escalas gigantescas e a adulação cega de parte da mídia e do público.
Mas ainda tenho esperanças. Com um bom produtor e uma banda afiada, Amy ainda pode render excelentes canções. Que serão certamente muito pop, ao contrário do que disse a filósofa das novelas da Globo...

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