sexta-feira, 8 de julho de 2011

A Tecnologia Criando Moda e Abrindo Portas

The New York Times
Os bolsinhos da frente e bolsas estão lentamente sendo esvaziados de uma das ferramentas mais básicas e duradouras da civilização: a chave. Ela está sendo engolida pelo telefone celular. Novas tecnologias permitem que smartphones destranquem portas de casa, escritório, hotel, e abram portas de garagens e até de carros.  
A tecnologia não é uma prima muito distante da que permite que chaveiros eletrônicos destravem remotamente automóveis ou chaves de cartão passadas em leitores eletrônicos na entrada dos escritórios. A novidade é que está presente no dispositivo que mais pessoas estão usando como o "canivete suíço da eletrônica" - telefone, bloco de notas, aparelho de estéreo, mapa, unidade de GPS, câmera e máquina de jogar em partes iguais. O telefone envia um sinal via internet e um conversor o transmite à fechadura da porta. Outros sistemas usam redes internas, como o sistema OnStar da General Motors, para destravar portas de carros. Como quase todo o mundo possui um celular, algumas empresas iniciantes, fabricantes de fechaduras e montadoras de carros apostam numa ampla aceitação da tecnologia. A Schlage, uma grande fabricante de fechaduras, comercializa um sistema que permite que os donos da casa usem seus celulares para destrancar suas portas, e controlem de uma distância de muitos quilômetros câmeras de segurança, luzes, ar condicionado e aquecimento de sua casa. Os clientes compram fechaduras que são controladas por sinais de rádio sem fio enviados de um conversor conectado à internet em sua casa. Recentemente, Dwight Gibson, vice-presidente de soluções para casas conectadas da Ingersoll Rand, controladora da Schlage, disse que usou o sistema para permitir que uma amiga entrasse em sua casa enquanto ele próprio estava em sua escrivaninha no trabalho. "Ela achou que fosse magia", disse ele. A Daimler-Benz agora o tem em suas Mercedes. O Zipcar, serviço de compartilhamento de carros, tem um aplicativo para celular que permite que os clientes destravem as portas de seus carros apertando um botão na tela do celular que parece uma fechadura. Eles foram usados 250 mil vezes desde que o sistema foi adotado há dois anos.
Em outubro, a General Motors introduziu um aplicativo que permite que donos da maioria dos modelos 2011 da GM travem e destravem as portas e acionem o motor remotamente. O sistema permite que os donos aqueçam o motor num dia frio ou liguem o ar condicionado num dia quente sem sair do escritório, disse Timothy Nixon, que supervisiona produtos para a montadora.
Obsoleto. Rajeev Chand, chefe de pesquisa do Rutberg & Company, um banco de investimento focado em companhias emergentes e de tecnologia no setor de telefones móveis, disse que as chaves poderão parecer uma tecnologia obsoleta dentro de alguns anos. "As chaves não vão sumir, mas se tornarão uma coisa arcaica." Num teste de oito meses que terminou no mês passado, visitantes ao Clarion Hotel em Estocolmo foram convidados a usar seus telefones para obter acesso a seus quartos.
No dia de sua chegada, os hóspedes receberam uma mensagem de texto com um endereço da web no qual podiam fazer seu check in. Após concluir esse processo, o hotel enviava uma chave de quarto eletrônica ao celular do hóspede.
Os hóspedes adoraram a novidade, disse Tam Hulusi, vice-presidente sênior de inovação estratégica da HID Global, empresa de cartões inteligentes que, junto com sua controladora, Assa Abloy, fabricante de fechaduras, participou do teste.
Ele disse que as chaves de telefones celulares poderiam reduzir os custos para hotéis com a eliminação das chaves de cartão de plástico e a redução do pessoal necessário para o check in dos hóspedes. A companhia está testando também essas chaves em escritórios e universidades.
"A ideia não é comprovar a tecnologia - isso não é ciência de foguetes", disse Hulusi. "É ver como os seres humanos reagem." Uma vantagem da tecnologia é que as chaves podem ser programadas para expirar. A Apigy, uma empresa iniciante de Palo Alto, Califórnia, está comercializando seu sistema Lockitron para companhias que usam trabalhadores sob contrato e pessoas que alugam para temporadas de férias.
"Estamos fazendo uma cópia virtual de uma chave", disse Cameron Robertson, 24 anos, um dos dois cofundadores da Apigy. "Ela permite que você dê acesso instantâneo a pessoas - temporária ou permanentemente." Joey Mucha, 24 anos, instalou um sistema Lockitron em seu apartamento de San Francisco no ano passado. O sistema custou US$ 300 e ele gastou outros US$ 40 para trocar a fechadura e a maçaneta da porta.
Mucha diz que valeu a despesa porque participa de um serviço via internet, Airbnb, que o ajuda a alugar seu apartamento de um quarto quando está fora da cidade. Ele evitou o inconveniente de ter de fazer cópias das chaves físicas e entregá-las aos hóspedes, e também o risco de as chaves serem copiadas.
Em vez disso, ele emite senhas temporárias para a entrada em seu apartamento. Mucha conta enfrentou um problema ocasional, como o de um hóspede cujo celular ficou sem energia e teve de usar seu laptop para abrir a porta. "Estou tentando criar um plano de backup", disse. "Talvez tenha de deixar um carregador de celular no bar da esquina." 
Matt Ritchel e Verne G. Kopytoff, do The New York Times
Tradução: Celso Paciornik

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