Me jogaram violentamente nas ruas
Arrancaram brutalmente minhas vestes
Espancaram meu corpo
Estupraram minha inocência
Pisotearam minha alma
Me usaram como instrumento de prazer
Interromperam minha infância
Levaram a boneca e o ursinho de pelúcia
Que eu sonhava ter um dia
Deixaram-me no chão, como esterco fedido
Meu coração sangra de tanta dor
Por favor !
Não mutilem meus direitos
Não arranquem de mim a fé
Não condenem meninas porque nasceram mulheres
Não esterelizem o que ainda me resta
O desejo da proteção da Lei.
Lila Dourado
Congressistas, Procuradores e Ministra de Direitos Humanos criticam e repudiam a decisão do STJ de inocentar o homem acusado de estuprar três meninas de 12 anos
Foi aprovada nesta sexta-feira(30),pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a Violência Contra a Mulher uma nota de repúdio à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que absolveu um homem da acusação de estupro de vulneráveis. A comissão também decidiu pedir ao STJ, no documento, a revisão imediata da decisão.
Assim como a CPMI , Instituições ligadas aos Direitos Humanos, Deputados e Senadores, membros da Sociedade Civil se mobiliza e desaprova a decisão do STJ ao absolver um homem acusado de estuprar três meninas de 12 anos.
Para a ministra Maria de Assis Moura, relatora do caso no STJ, o crime de estupro foi negado sobre a alegativa
de que as meninas já tinham atividades sexuais
pelo fato de já serem prostitutas .
Maria do Rosário, ministra da Secretaria de Direitos Humanos, afirmou "estamos revoltados", disse ainda
"Essa decisão (do STJ) constitui um caminho de impunidade."
criticou duramente ontem a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que liberou um réu acusado de estuprar meninas de 12 anos. Afirmou que vai entrar em contato com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e com o advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams, para recorrer. A ministra lembrou que a legislação foi alterada, em 2009, só para tornar mais claros os direitos das crianças.
Ao que parece, a pressão começa surtir efeito.O presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Ari Pargendler afirmou " a decisão do tribunal de absolver um homem acusado de estuprar três crianças de 12 anos ainda pode ser modificada"
O Judiciário brasileiro não pode tolerar esse tipo de prática de julgamento. O mundo dessas meninas, já não possue o encantamento que a infância comum lhe permitiria.
Não podemos compactuar com práticas condenatórias, onde a vítima torna-se o algoz de si mesma, enquanto o pedófilo, estuprador e criminoso, segue inocentado e livre para cometer outros crimes, tão brutais quanto este.
A próxima vítima, poderá ser a filha de qualquer um de nós. Pois, o estuprador não é seletivo para poupar vítimas, e sim, no alvo das intenções com a caça. Livres, seguirão como monstros-caçadores sem sentimentos ou escrúplos humanitários, violentando, torturando e vitimando cada vez nossas crianças, sob as Vestes da Lei .
João Alfredo Telles Melo : Advogado, vereador(PSOL) e coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista na Câmara Municipal de Fortaleza e professor universitário.
Discordo dos entendimentos de que se houve julgamento não há impunidade e de que decisão judicial é inatacável. Não! O Direito se faz também na interpretação e os tribunais são passíveis de crítica, como qualquer outro poder do país.Nesse caso concreto, a interpretação do STJ leva, sim, à impunidade. Por isso, tem que ser repudiada e, mais do que isso, temos que lutar para revertê-la, pois pode abrir um péssimo precedente que pode levar a mais violência contra adolescentes.Repúdio à decisão do STJ e todo o apoio aos que denunciam essa absurda decisão.
João Alfredo: Advogado, vereador(PSOL) e coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista na Câmara Municipal de Fortaleza e professor universitário.
Querida Lila,
ResponderExcluirTudo bem a absolvição, se fosse por dúvida de autoria. Mas "o crime de estupro foi negado sob a alegativa
de que as meninas já tinham atividades sexuais
pelo fato de já serem prostitutas" nos faz começar a pensar para que serve a justiça brasileira, e o que há na cabeça desses juízes. A razão por trás disso é a falta de controle e punição para juízes, por parte dos outros poderes e do povo. Se um juiz desses (ou juíza dessas) pudesse ser afastado(a), melhor ainda, demitido(a) por justa causa, caso, digamos, houvesse duzentos mil assinaturas (o que seria bastante democrático, pois é mais do que elege um deputado em qualquer estado - esse número poderia ser variável e setorizado, conforme a alçada do juiz), pensaria antes de fazer este tipo de besteira. O povo poderia ser manipulado em algum caso pela mídia para demitir injustamente um juiz? Nessa quantidade de assinaturas, seria difícil, mas ainda possível. Todavia, a oxigenação que tal controle daria a justiça, justificaria de sobra esse pequeno risco.
Beijos,
Armando.