sábado, 6 de março de 2010

Johnny Alf MisturandoTons, AlterandoSons...Desfilando Bossa !


Johnny Alf, músico e compositor , no Sesc Vila Mariana. São Paulo- 2009

Às vésperas da entrega do OSCAR, o mais importante prêmio do mundo cinematográfico, resolvi homenagear o gênio da simplicidade musical..Alfredo José da Silva,Johnny Alf.
Sei que neste período de estatuetas, são comuns reflexões ,sobre a sempre brilhante atuação de Meryl Streep, a disputa de melhor direção entre Avatar e Guerra ao Terror , atuação de Morgan Freeman em Invictus , a direção de James Cameron, Kathryn Bigelow e de Clint Eastwood e por último... como é bom ver os recadinhos de amigos, com os quais me reúno neste período, não só pra ver e comentar os vestidos de grifes desfilados no tapete vermelho, mas... pra somarmos idéias, reflexões e brindarmos ao encontro, como bons cinéfilos que somos !
Você deve estar se perguntando, o que Johnny Alf, tem a ver com isso?! Bem...ele também amava a Sétima Arte, tinha prazer em sentar à frente da telona e assim como eu, assistir inúmeras sessões. Em entrevista dada a João C. Rodrigues,ele afirma que a paixão começou com "Branca de Neve” do Walt Disney, com tempo, encantou-se com o cinema de Tarkovsky e Antonioni.Para ele,o cinema era como a vida, com planos longos e reveladores. Alimentar-se da Arte cinematográfica é ir além das palavras, das imagens, do figurino, da musicalidade. É conceber o movimento da cena, o poder da mesma sobre o espectador ! Observar o movimento em vida de J.Alff pela música é como observar um filme com um final não muito feliz. O músico, filho de uma ex-empregada doméstica, iniciou seus passos na musicalidade aos 10 anos e aos 14 já tinha predileção pelo francês Frédéric Chopin ,pelo compositor russo Tchaikovsky e pelos musicais de Hollywood. Talvez por esta formação musical, tão rica e ao mesmo tempo eclética, é que ele rejeitava rótulos de estilo musical. Por acreditar, que a música se expressa através da liberdade sonora, ele inspirava-se e criava rítmos variados. Gostava do Jazz, do Samba, da Bossa Nova...dos mais variados sons e expressões musicais. E...enquanto o filme AVATAR, de James Cameron, teve um investimento milionário(U$ 300 milhões) e já arrecadou mais de U$ 2 bilhões, nenhuma gravadora interessou-se em bancar "AVATAR"última produção musical de Johnny Alf. , um disco de estúdio que ele tanto desejou gravar,mas que infelizmente nem a Trama, nem Biscoito Fino apostou no projeto.
É triste constatar, que poucos sabem quem é Alfredo José da Silva , principalmente essa nova geração, que está cada vez mais ligada as festas movidas por música eletrônica(raves), sertaneja,axé, pagode, forró ...nada contra,( até porque como dizia o grande J.A. música é música.Mas, desconhecer valores musicais como este, é desconhecer as raizes da arte musical brasileira ...é negar a própria história! "Ah! se a juventude que esta brisa canta" cantasse de Norte a Sul poesias musicais como esta ! Moramos "num país tropical, abençoado por Deus e por natureza" como cata Jorge Ben. Aqui a Arte jorra como água na fonte e nosso povo é musicalmente rico,por natureza e vocação. É uma pena, não haver grandes investimentos na memória musical. . Talvez por isso, o nosso sempre rico Johnny Alf ,cujas músicas foram cantadas pelos talentosos e midiáticos cantores( Caetano, Gal Costa, Ivan Lins,Gilberto Gil,Egberto Gismont,Maria Bethania,Jorge Mautner,João Gilberto, Gal Costa, Emílio Santiago,Fátima Guedes, Elis Regina,Chico Buarque, Leni Andrade ...) da MPB, tenha terminado seus dias, com paraplegia , distante da mídia, só e deprimido doente e distante da mídia musical. Assim como na música, não era preciso " ser tão só prá ser um sonho" ,que o eleva agora pós morte.
Johnny Alf...você afirmou em entrevista, uma frase da Marilyn Monroe "Eu não quero ser rico. Eu quero ser maravilhoso" e o foi !
Encerro...com uma frase de Emily Bronte :
"Tive sonhos que entraram em minha vida e se misturaram,
alterando a cor da minha mente"
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Um comentário:

  1. Muito lindo! Só discordo que Axé e congêneres sejam músicas, ou mesmo "muiscas"...
    Beijos,
    Armando.

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