domingo, 21 de novembro de 2010

O Cigarro e o Vício

Vestes Que Sufoca e Mata

James Dean   

Em nosso país morrem mais de 200 mil pessoas por ano por causa do tabaco. Muitos fumantes não se dão conta de que o cigarro vicia e de quanto o vício é prejudicial a saúde.Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que uma pessoa morre a cada seis segundos de doenças associadas ao tabagismo. E não são apenas os fumantes que sofrem as consequências de seu vício - o cigarro prejudica muito a quem não fuma. Os fumantes passivos também estão propícios a terem doenças associadas ao cigarro, incluindo câncer de pulmão - que tem alta letalidade, e 90% dos casos são associados ao tabagismo.As estatísticas mostram que o câncer de pulmão mata 85% dos pacientes, e apenas 15% dos casos podem ser diagnosticados precocemente. Além disso, de 25% a 46% das mulheres e de 13% a 37% dos homens que morrem de câncer de pulmão não fumam, tendo adquirido a doença com a convivência com fumantes.De acordo com o médico oncologista Alexandre Chiari, além do câncer de pulmão, outras doenças são causadas pelo cigarro, como os cânceres de colo uterino, de laringe, de boca, de pâncreas, bexiga, esôfago, estômago e rim. “O tabaco também pode ser associado ao infarto e às doenças vasculares, como o derrame cerebral”, ressalta o especialista. As pesquisas demonstram também que o fumo é a causa principal de bronquites crônicas e enfisemas pulmonares. Como se não bastasse, em mulheres grávidas, o cigarro pode levar a partos prematuros e ao nascimento de crianças com baixo peso. Assumam um compromisso com a vida e com o meio ambiente. Larguem o vício antes que ele os façam largarem a Vida!

Mulheres Fashions e Antenadas contam as táticas para abandonar o vício


Costanza Pascolato, 71 anos,empresária e consultora de moda
"Teve um período nos anos 60 em que fumava porque era chique, como um acessório para uma roupa de coquetel.Mas logo percebi que era mais interessante carregar uma bolsa, ou uma puseira, do que um cigarro.Hoje as pessoas fumam desesperadamente.Tenho uma amiga que parou quando começou a se alimentar melhor, comer mais frutas, legumes,tomar quase um litro e meio de água logo cedo.Quando se acustma com esse tipo de alimentação, fica mais fácil parar"

Chiara Gadaleta Klajmic,38 anos, consultora de moda e apresentadora de TV 
"Durante muito tempo,segurei cgaro apagado entre os dedos para conter a abstinência.Depois de largar de vez, minha pele e meu cabelo ficaram muito mais bonitos"
Alexandra Farad,36 anos,jornalista e autora do blog Filme Fashion
"Fumei o último cigarro no aeroporto, antes de viajar para um spa com piscina, sauna, camas deliciosas, mas sem luxo.Era uma espécie e clínica de limpeza, passei dez dias me alimentando de comida orgânica, caminhando todos os dias pela manhã,dormindo muito e sem fumar.A acupuntura ativou pontos do meu corpo que me faziam ficar saciada."
Cássia Kiss,52 anos, atriz
"Joguei meu último maço de cigarros na lata de lixo para nunca mais.Me lembro que foi uma decisão, é como uma chave que você muda na cabeça.O barato de viver é morrer direito. Imagina morrer como meu pai, sem ar, sufocado, sem conseguir respirar?Não quero isso pra mim"

Mariana Verani,33 anos, assistente de direção 
"Tive um período de trabalho muito intenso, fiquei com febre, enjoada.Aproveitei essa época para, depois de 16 anos fmando, largar o cigarro.Dei meu último maço e mantive um pensamento meio de alcoólicos anônimos:" só por hoje não fumo".No começo, para não engordar, substituí por cenoura e água.Dá mau humor, dá TPM.No primeiro mês, praticar esportes é a melhor coisa, então comecei a fazer estera"
Adriana L.Dutra,44 anos,diretora do filme Fumando Espero
"Fumei durante 20 anos. Não era uma fumante moderada, era dependente mesmo.Tomei remédios, fiz terapia,ginástica e usei adesivos de nicotina. Vontade de fumar sinto até hoje, doi anos depois que parei.Minha pele e meu cabelo estão bem melhores.Engordei um pouco, passei a ter mais apetite.E o chocolate, por um tempo, viou meu melhor amigo.Agora troquei por café, mas está melhor asim"

Para os que amam, para os que já amaram e para os que odeiam. É esse o público que a diretora e protagonista Adriana L. Dutra procurou ao produzir o documentário Fumando Espero. Fruto de uma necessidade pessoal, o longa partiu do próprio desejo da diretora de acabar com o vício do cigarro. Afinal, de onde vem a necessidade de fumar? Por que é tão difícil parar? Será que o fumante, como dizem, não tem "vergonha na cara"? Estes questionamentos a levaram a realizar uma árdua pesquisa, que durou mais de dois anos e resultou em 110 horas de entrevistas, confissões e curiosidades sobre o mundo do tabaco.

Confira a entrevista exclusiva que o Conexão Professor fez com a diretora do documentário

Conexão Professor (CP) - Chama atenção o slogan "Vale tudo para parar de fumar, até fazer um filme". Como foi realizar um documentário em primeira pessoa, expondo o maior vício da modernidade? Como foi transformar interesse pessoal em pesquisa?

Adriana Dutra - Na verdade, tudo começou a partir do meu desejo de parar de fumar. Comecei a pesquisar porque tinha dificuldade. Imaginei que tinha alguma coisa de errado acontecendo comigo porque eu tentava parar de fumar e não conseguia. E aí comecei a fazer uma pesquisa e descobri que havia várias informações que ainda não tinham sido apresentadas para a maioria dos fumantes. Isso foi uma grande motivação minha para fazer esse filme, porque queria dividir com as pessoas o que tinha descoberto: toda essa coisa muito pensada e planejada de redução dos fumantes, de todo o curso da história, desde a exploração até os dias de hoje, todo marketing direto, falar sobre compulsão, levantar que o cigarro causa dependência química e comportamental... Por isso, quis dividir com as pessoas o que eu tinha pesquisado, mas não queria fazer um filme panfletário, puxado, didático, porque acho que um documentário também pode divertir.

Até então, eu não sabia que era parte do filme. Só descobri que ia aparecer como personagem quando percebi que era importante ter uma parte mais humana dentro do filme, e não ficar só em depoimentos e informações.

CP - Então pode se dizer que o filme é um alerta, uma denúncia?

Adriana Dutra - Prefiro a palavra reflexão. O objetivo é trabalhar uma reflexão do maior vício dos séculos XX e XXI. Claro que os fatos levam à conscientização, obviamente, mas tentei com essa filmagem fazer com que cada um pudesse ver o filme da sua própria maneira, para que ele fosse um filme democrático.

CP - E como foi o trabalho de complicar 110 horas de material em apenas 86 minutos?

Adrana Dutra - Com certeza foi a parte mais difícil. Eu tive um montador, o Tuco, que é um super profissional de montagem. Ele trabalhou comigo na escolha do que ia entrar. Eu filmei durante dois anos, tinha muito material. Foi muito complicado conseguir chegar aos 86 minutos. Agora o filme está para virar uma minissérie. A gente ainda está negociando, mas há essa proposta de ir para a televisão. Aí sim a gente poderia ver outras partes da filmagem que não estão no filme.

CP - Quem você não conseguiu ouvir?

Adriana Dutra - A indústria. De todos os tipos de argumento, consegui material de todo mundo, consegui falar de tudo, mas não consegui falar com a indústria tabagista. Eu tentei falar com todas as partes, inclusive comunicação social, marketing e ninguém quis falar no Fumando Espero.

CP – E desse material que não entrou no filme, qual parte mais lamentou ter cortado?

Adriana Dutra - Ai, olha, tem tanta coisa legal. Tive depoimentos de pessoas anônimas incríveis, tem a parte dos fumantes anônimos que eu não pude colocar, tem a parte da tributação do governo que não deu tempo de pôr, tem muita coisa minha que ficou de fora também, tem pessoas famosas que não entraram...

CP - E os entrevistados? Como receberam o assunto, ter que falar sobre cigarro e vício?

Adriana Dutra - Foi muito bacana. Quando eu fiz o roteiro, nele já tinha: "eu preciso falar com alguém sobre prazer, preciso falar com alguém que não quer usar mais, alguém que já perdeu alguma coisa para o cigarro", então fui investigando as pessoas. Todos aqueles com quem eu conversei abriram suas vidas, contaram suas experiências, ficaram muito felizes de falar sobre esse tema. Então, teve muita aceitação não só por parte dos famosos, como também por parte dos médicos, por parte do governo, por parte dos anônimos, todas aquelas pessoas na rua. Se eu visse alguém fumando na rua, eu ia lá perguntar se ela queria fazer parte do filme. Então, muitas personagens do filme foram pesquisas de rua mesmo. Eu fui para o bingo, para a boate, para o fumódromo. Eu fui encontrando as pessoas à medida que ia vendo-as nas ruas. E os famosos estiveram muito abertos para conversar com a gente.

CP - Qual a importância de fazer um documentário como esse num país onde morrem 200 mil pessoas por ano por causa do tabaco?

Adriana Dutra - É superimportante falar sobre esse assunto. Hoje em dia, o tabagismo ainda não é considerado uma dependência. Existe um moralismo de dizer que o fumante não tem "vergonha na cara" e isso não é verdade. As pessoas que fumam, em sua maioria, são dependentes químicos da nicotina, porque você, de fato, fica dependente dela. Então, acho muito importante que para isso se tenha uma discussão aberta. E que as pessoas hoje realmente tenham consciência de que o cigarro é uma dependência.

CP - Por que é tão difícil abandonar o cigarro?

Adriana Dutra - Porque é uma dependência. A nicotina é uma droga que causa dependência física, o corpo precisa de reposição de nicotina, senão você fica nervoso, deprimido. Existe a dependência psicológica, que é aquela que você associa com as ações da sua vida. Há necessidade, às vezes, de cigarro quando se está ansioso, há momentos de emoção em que você tem que ter um cigarro... E tem a dependência comportamental, que são gatilhos do seu comportamento do dia-a-dia que você associa ao cigarro. Além do fato da nicotina ser uma droga lícita, que está em qualquer esquina. Se você é dependente de qualquer outra droga, existe tratamento, há clínicas que cuidam de você. Quando se é dependente de nicotina, não existe isso, porque há uma moral que não assume que o cigarro cause essas dependências. Então, é muito mais difícil você deixar o cigarro do que qualquer outra droga, porque é uma droga exposta, lícita, bem-vinda. É uma droga muito complicada de se controlar.

CP - E você parou mesmo de fumar?

Adriana Dutra - Parei.

CP - Desde agosto de 2008?

Adriana Dutra - Não, depois eu retornei. Eu parei de fumar há algum tempo. Mas eu escrevi o roteiro fumando (risos).

CP - A pessoa que quer parar de fumar tem que ter o que em mente?

Adriana Dutra - Ela precisa pedir ajuda. Apoio emocional. Pode precisar de medicamentos e muita força de vontade.

CP - O que você diz para quem lança mão do "nunca me aconteceu nada"?

Adriana Dutra - Se o fumante tem esse pensamento, ele deve continuar fumando. Quem quiser parar de fumar, tem que fazer um esforço. Porque o cigarro não mata agora, mata no longo prazo.

CP - Você é da premissa de que devemos insistentemente informar o fumante sobre os malefícios do cigarro?

Adriana Dutra - Não, com essa pessoa não adianta. Quem está a fim de fumar, tem que fumar. Não adianta esse tipo de abordagem para o fumante, porque ele não liga para nada disso. O fumante só para de fumar quando ele quer parar de fumar. Isso, inclusive, para qualquer dependente químico. 60% dos fumantes querem parar de fumar.

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