Luiz Gonzaga- Fotografado por outro mestre ,Chico Albuquerque / Acervo Museu da Imagem e do Som - SP
Gonzagão, era desafiador e pôs em xeque o seu destino. Desvendou novos caminhos musicais, extraindo do agreste pernambucano, ambições poéticas de cenários musicais paradisíacos.O Baião tornou-se referência do estilo, libertou os corpos para novos e significativos passos, através do forró,xote e baião.
O mestre da sanfona, não nos privou do encantamento, nos premiou com Asa Branca e seguiu com sua sanfona despertando emoções. Na estrada da vida, muitos o seguiram no rítmo .Humberto Teixeira,Gilberto Gil,Dominguinhos,Caetano veloso, Fagner, Zé Ramalho, Alcione, Elba Ramalho e muitos outros .Se essa nova geração, viciada neste "atual" Forró, tivesse tido a chance de conhecer o autêntico forró e a obra de Gonzagão, indubitavelmente diriam :" Esse é o Cara". Minha memória musical, guarda muitas das suas composições, muitas das quais cresci ouvindo meu pai cantar.Como Juazeiro, Baião, Asa Branca, Respeita Januário, Assum Preto, Qui Nem Jiló e uma...em especial, me traz visões mágicas do passado " A Vida do Viajante ". Coloco-a a qui ,pra prolongar o percurso musical e despertar a emoção que sinto ao ouvir o pai Luiz e o filho Gonzaguinha, juntos nesse encontro musical que se prolonga, além da composição e nos faz crer no AMOR além da vida.
" Se a gente lembra só por lembrar
O amor que a gente um dia perdeu
Saudade inté que assim é bom
Por cabra se convencer
Que é feliz sem saber
Pois não sofreu"
Graças as lembranças que tive do Gonzagão e do meu pai,minha vida tornou-se mais sonora...musical.Com a música, sinto-me como um pássaro sem dor e sigo meu voo, de forma mais livre. Por isso, estou aqui pousando na madrugada , falando do rei do Baião e espraiando sua arte, por onde vai o meu alcance.Trago a musicalidade na voz do pai Gonzagão e do filho Gonzaquinha, para encantar outros pássaros!
"Minha vida é andar
Por esse país
Pra ver se um dia
Descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras por onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei...
Hoje Luiz Gonzaga faria 98 anos de idade. Os cadernos cês dos jornais estão tecendo homenagens, chamando-o de “pop”. Pop de popular, ou seja lá o que isso signifique, o velho Lua sempre foi um dos meus ídolos. Não cresci ouvindo João Gilberto, Chet Baker e Leonard Cohen , santíssima trindade, entre tantas outras, que venero e escuto quase diariamente. Cresci ouvindo Gonzagão, Roberto Carlos, Reginaldo Rossi... e até mesmo antes dos Beatles, as versões enviesadas de Renato e Seus Blues Caps. Eu fui Jovem Guarda: Tropicália depois. Eu ouvia Cego Aderaldo: Robert Johnson, Muddy Waters, John Lee Hooker tiveram que esperar a rabeca terminar o ronco no meu sertão. Esses músicos igualmente ótimos, a gente conhece depois, quando se sai dos bairros periféricos, vai-se morar num apartamentozinho melhor e passa-se no vestibular.
Após escrever sobre o mestre Gonzagão e viajar com ele na musicalidade...li um texto escrito pelo cineasta e escritor, Nirton Venancio .De imediato, senti vontade de postá-lo aqui, Gosto de partilhar coisas boas, sons e significados .
Seu Luiz é Pop
Nirton Venancio
Hoje Luiz Gonzaga faria 98 anos de idade. Os cadernos cês dos jornais estão tecendo homenagens, chamando-o de “pop”. Pop de popular, ou seja lá o que isso signifique, o velho Lua sempre foi um dos meus ídolos. Não cresci ouvindo João Gilberto, Chet Baker e Leonard Cohen , santíssima trindade, entre tantas outras, que venero e escuto quase diariamente. Cresci ouvindo Gonzagão, Roberto Carlos, Reginaldo Rossi... e até mesmo antes dos Beatles, as versões enviesadas de Renato e Seus Blues Caps. Eu fui Jovem Guarda: Tropicália depois. Eu ouvia Cego Aderaldo: Robert Johnson, Muddy Waters, John Lee Hooker tiveram que esperar a rabeca terminar o ronco no meu sertão. Esses músicos igualmente ótimos, a gente conhece depois, quando se sai dos bairros periféricos, vai-se morar num apartamentozinho melhor e passa-se no vestibular.
Por um tempo sentia-se vergonha de gostar de baião, cantar “Detalhes” pra amada amante, e de ouvido pegava-se carona no radinho da empregada dizendo pro garçom que “no bar todo mundo é igual”... Eu nunca dei a mínima pra isso, nunca me importei com o que achavam ou perdiam. Assumia meus erros, pecados e vícios.
Uma vez um amigo, nos final dos anos 70, apertou o play do meu toca-fitas CCE e ao ouvir o Rei cantando “Cavalgada” passou o resto da tarde curtindo com a minha cara. Mandei-o embora cantar “Amor de índio”, do Beto Guedes, que ele achava o máximo – e eu também.
Luiz "Lua" Gonzaga sempre foi ídolo a altura de todos outros que hoje são "cult”. A primeira vez que assisti a um show do Gonzagão me emocionei tanto quanto ao ver e ouvir B. B. King. Entre o Rio São Francisco e o Rio Mississipi a distância é a mesma em que navega meu coração.
A benção, seu Luiz!
A Vida do Viajante
Composição: Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil
Minha vida é andar
Por esse país
Pra ver se um dia
Descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras por onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei.
Chuva e sol
Poeira e carvão
Longe de casa
Sigo o roteiro
Mais uma estação
E a alegria no coração
Minha vida é andar
Chuva e sol,
Inverno e verão
Mostre o sorriso
Mostre a alegria
Mas eu mesmo não
E a saudade no coração
Minha vida é andar...
Sinto-me honrado em estar aqui, vestindo sua roupa. Beijos.
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