segunda-feira, 30 de julho de 2012

Zuzu Angel Uma Mulher Com Vestes à Flor da Pele

Zuzu Angel revolucionou o mundo da Moda .Mas, criou também Novas Vestes para a História da luta da Mulher no Brasil. Assim como Picasso, usou suas telas como instrumento de denúncia contra a Guerra Civil Espanhola, Zuzu Angel usou suas criações como cartazes de protestos contra as arbitrariedades cometidas pela  ditadura militar.A estilista Zuzu, seguiu costurando os sonhos de muitas mães de filhos desaparecidos, agregando dores à esperança e através dos bordados das suas ações contínuas, contribuiu para que o nosso país tivesse o figurino que temos hoje.



Zuzu Angel, foi um dos primeiros nomes da moda nacional a se inspirar na cultura popular brasileira. A mineira, Zuleika de Souza Netto, casou-se com o viajante comercial norte americano  Norman Angel Jones, teve três filhos e mudou--se no Rio de Janeiro em 1947. Dez anos depois de estar no Rio,  a costureira cria seu primeiro ateliê de costura no bairro de Ipanema.




Vestido de noiva da Coleção International Dateline Collection, de 1972, by Zuzu Angel.  Este vestido é todo em renda de bilro entremeada e ligada por quadrados de organza, tendo no centro buquês de florezinhas coloridas bordadas em ponto de cruz - Crédito: Acervo Instituto Zuzu Angel

Elke Maravilha - Coleção Helpless Angel (Anjo Desamparado) Acervo Instituto Zuzu Angel

Stuart Jones,filho de Zuzu  era militante do MR-8 e tinha 24 anos quando foi preso na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, em 14 de maio de 1971. Desde a data, Zuzu começou uma peregrinação por quartéis e gabinetes em busca de notícias do filho, mas ninguém dizia nada. A mãe soube o paradeiro do filho alguns meses depois,ao receber uma carta de Alex Polari, preso político que testemunhou o sofrimento de Stuart "Ele foi arrastado de um lado para o outro, seu corpo esfolado, amarrado a um jipe (...) forçado a aspirar os gases tóxicos do veículo, com o cano de descarga enfiado na boca". 
A estilista com o coração partido, resolveu enviar uma carta ao general Ernesto Geisel, que tinha se tornado presidente. "Agora, sinto que posso acalentar uma triste e pobre esperança: saber ao menos onde está o corpo do meu Stuart. Rogo, assim, à Vossa Excelência, mandar apurar o que ocorreu. Meu filho era moço, idealista, morreu como um cão. Quero dar-lhe um enterro de gente"




As baianas de Zuzu Angel, da coleção International Dateline Collection, de 1972 - Crédito: Acervo Instituto Zuzu Angel



Não podemos negar a importância de Denner e Clodovil para a Moda Brasileira, eram talentosos e criativos.Mas, neste período era inegável a influência da moda francesa nos figurinos dos grandes costureiros e/ou estilistas.
Vale lembrar, que  moda brasileira que hoje é respeitada internacionalmente pela identidade nacional, foi definida nas criações e desfiles de Zuzu Angel.Que apenas acentuou-se nos anos 90, após a abertura política para o mercado econômico dos importados, no governo de Collor de Melo,pois mesmo que muitas indústrias brasileiras tenham fechado suas portas, os estilistas brasileiros foram impulsionados na concorrência, a criar uma moda com brasilidade, como diferencial.
Zuzu Angel além de ser considerada uma das primeiras estilistas a se inspirar na cultura brasileira, foi tambem a pimeira a usar a roupa como instrumento político contra a ditadura militar.
A LOGOMARCA DO ANJO,era uma alusão ao sobrenome e ao filho, Stuart Angel assassinado durante a ditadura militar.Após a morte de Stuart nos anos 70, Zuzu tornou-se uma mulher combativa e uma mãe incansável  na luta para provar a autoria do assassinato do filho

A estilista passou a usar suas criações como aliadas.No início dos anos 70, abriu uma butique com peças  inéditas, e realizou o primeiro desfile internacional ,graças a criatividade e amizade com a atriz Joan Crawford .O desfile aconteceu na loja Bergdorf Goodman, Nova York.O desfile agradou pela inovação, nele destacou-se as coleções "Mulher Rendeira" e "Maria Bonita", com acessórios que relembravam os usados pela companheira de Lampião e Carmem Miranda.Depois dos aplausos, Zuzu já tinha virado sucesso, entre famosos como Liza Minnelli. Depois do sucesso na Bergdorf,suas coleções passaram a ser vendidas em várias lojas de Nova York, pela Neiman Marcus, Lord & Taylor, Saks e Henry Bendell.
Em 1971, Zuzu  apresenta “a primeira coleção de moda política da história” uma espécie de "desfile-denúncia" no Consulado do Brasil em New York. .Nele as modelos desfilaram com peças com estampas bélicas,de anjos  feridos e engaiolados,anjos amordaçados, meninos aprisionados, sol atrás das grades,  manchas vermelhas e tanques de guerra.
Zuzu teve muitas  celebridades nacionais e internacionais como clientes.Atrizes como Dina Sfat, Bibi Ferreira, Isabel Ribeiro, Marieta Severo, Joana Fomm e a cantora Beth Carvalho adoravam as criações de Zuzu, assim como Joan Crawford, Kim Novak, Veruska, Liza Minelli, Jean Shrimpton, Margot Fontein, através  deles e de Henry Kissinger, Ted Kennedy,denunciou as torturas, a morte e a ocultação do cadáver de seu filho Stuart,  no exterior. 
Stuart Jones,

filho de Zuzu  era militante do MR-8 e tinha 24 anos quando foi preso na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, em 14 de maio de 1971. Desde a data, Zuzu começou uma peregrinação por quartéis e gabinetes em busca de notícias do filho, mas ninguém dizia nada. A mãe soube o paradeiro do filho alguns meses depois,ao receber uma carta de Alex Polari, preso político que testemunhou o sofrimento de Stuart "Ele foi arrastado de um lado para o outro, seu corpo esfolado, amarrado a um jipe (...) forçado a aspirar os gases tóxicos do veículo, com o cano de descarga enfiado na boca". 
A estilista com o coração partido, resolveu enviar uma carta ao general Ernesto Geisel, que tinha se tornado presidente. "Agora, sinto que posso acalentar uma triste e pobre esperança: saber ao menos onde está o corpo do meu Stuart. Rogo, assim, à Vossa Excelência, mandar apurar o que ocorreu. Meu filho era moço, idealista, morreu como um cão. Quero dar-lhe um enterro de gente".
Zuzu Angel passou a vestir-se de preto, com um xale de longas franjas, uma echarpe de organza cobrindo os cabelos, um colar com um anjo de biscuit rodeado de flores. Na cintura, muitas cruzes, medalhas e patuás, símbolos de seu martírio de mãe.
Inconformada com o desaparecimento do filho,chegou a entregar em mão um pacote  ao Henry Kissinger,quando este esteve no Brasil, em 1976. No pacote havia vários documentos, a foto do filho  Stuart Angel Jones, o Livro História da República Brasileira de Helio Silva e uma carta relatando a morte de seu filho.Zuzu advertiu amigos de estar prevendo sua própria morte, pelos algozes que tirarm a vida do seu filho”Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”.
No dia 14 de abril de 1976 morre num acidente de carro
Dr. Higino de Carvalho Hércules, legista   confirmou a versão policial de morte em acidente. Morreu sem conseguir enterrar o filho. Anos depois, a Comissão dos Mortos e Desaparecidos concluiu que Zuzu Angel foi assassinada pelos algozes da repressão.  A Família de Zuzu Angel, foi indenizada e com o dinheiro da indenização, sua flha e jornalista Hildegard Angel e a irmã Ana Cristina fundou o Instituto Zuzu Angel de Moda. Graças ao trabalho desenvolvido pelo Instituto, as novas gerações possuem um material de pesquisa fundamental para análise da História da Moda no Brasil e também um exemplo para as gerações que se seguirem,de uma Mulher que soube resistir as  adversidades do seu tempo e as agruras do Regime Militar, pelo criticismo,censo humanitário e  AMOR incondicional de MÃE .
Na foto, Zuzu Angel com seus três filhos: Hildegard, Ana Cristina e Stuart. 

a jornalista Hildegard Angel com a mãe, Zuzu Angel

Cartaz do Filme Zuzu Angel com Patrícia Pillar e Daniel Oliveira

Quem é essa mulherQue canta sempre esse estribilho?
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento?
Só queria lembrar o tormento
Que fez meu filho suspirar
Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo?
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar
Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino?
Queria cantar por meu menino
Que ele não pode mais cantar"

                   
                   Angelica (Homenagem de Chico Buarque e Miltinho para Zuzu Angel)


Filme Zuzu Angel, de Sergio Rezende.Patrícia Pillar e Daniel Oliveira são os protagonistas da trama e desempenham bem o papel de mãe e filho.


Em cena do Filme "Zuzu Angel",Patrícia Pilar no papel da estilista e Luana Piovani no papel de Elke Maravilha, modelo e grande amiga .







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