Alfred Hitchcock, Débora Falabella, João Emanuel Carneiro e Adriana Esteves
Sabemos que o monopólio da violência, na aplicabilidade da lei contra o crime, cabe ao estado.Mas,o autor de Avenida Brasil, João Emanuel Carneiro, diferente do príncipe Hamlet que na tragédia de William Shakespeare, recusa-se ao usar o instrumento da vingança, usa a personagem da Nina(Débora Falabella),para fazer a sociedade refletir sobre o fato.A vingança da Nina, tem provocado reações diversas.O público que acompanha a novela se divide,alguns compreendem a atitude da Nina e outros discordam das atitudes da mesma, no seu articulado plano de vingança contra a ex-madastra, agindo como uma palatina da justiça, fazendo a ex-madastra desempenhar as mesmas funções que os empregados e com as mesmas condições de trabalho. Muitos ficaram indignados com a internação da Carminha(Adriana Esteves), numa conceituada clínica de repouso.Mas,este mesmo telespectador que está com dó da Carminha, assistiu também as cenas da vilã,maltratando a Nina quando criança,sendo responsável pela morte do pai, abadonando-a no lixão , além de tomar a casa e tudo que era do seu pai. Todos sabem , que ela abandonou o próprio filho no lixão para casar-se com um jogador milionário e proporcionar ao amante,uma vida de luxo ao seu lado. Não passam despercebidas as cenas de mal trato da Carminha para com a própria filha, Ágata(Ana Karolina Lannes), cujo personagem me lembra muito Abigail Breslin no filme “Pequena Miss Sunshine”.A forma como ela puniu a Nina, enterrando-a viva, como no filme Kill Bill de Quentin Tarantino quando a personagem vivida por Uma Thurman é também enterrada.Confesso que acho algumas cenas entre Carminha e Nina,grotescas.Chego a acreditar que o espírito de Hitchcock apoderou-se do autor de Avenida Brasil.Mas, ao mesmo tempo me pergunto , qual é a reação imediata de alguém quando ver a pessoa que mais ama ser assassinada brutalmente? De imediato a reação é de vingança...justiça! Mesmo quando de forma racional você opta pela aplicabilidade da Lei, você está lutando para assegurar a vingança de uma forma legitima.Isto é humano e natural .O personagem da Nina ,está surpreendendo à todos, não só por retratar a imagem de uma heroína que desperta reflexões sobre a ambivalência entre o bem e o mal. Mas, principalmente pela poderosa interpretação da atriz Débora Falabella,cujo tipo mignon anula-se no gigantismo da expressão facial da atriz ! A atriz é tão boa, que já esta conseguindo fazer o público ficar dividido entre as duas personagens, Nina e Carminha.E isto acontece , não só pelo roteiro e sim, pela atuação.As pessoas estão esquecendo tudo o que a vilã aprontou até agora. O jogo vai virar, pois a esperta Carminha aproveita-se do diagnóstico da bipolaridade dado pelo médico, atitude que tem se tornado comum nas justificativas das ações dos psicopatas e pessoas mal intencionadas em nosso país, para eximirem-se das atitudes e ações condenatórias. Carminha, teatralmente mostra-se arrependida para o Tufão, por considerá-lo um marido"otário".Afinal, foram mais de 18 anos de casamento, convivendo com o amante dentro da própria casa, desviando dinheiro do marido para sua conta bancária , bancando os luxos do amante, se relacionando com o mesmo na sauna e na própria cama do casal, sem nenhuma desconfiança.Para os que estão com peninha da "cruela" Carminha,aguardem! Pelo capítulo de ontem,11(sábado), ficou claro que mais vilanias a "tadinha" irá aprontar. Os traumas sofridos na infância, não podem justificar suas vilanias, pois Jorginho(Cauã Reymond) sem sombra de dúvida é o personagem que mais sofre com atitudes de Carminha e Nina e sofrerá mais ainda, com a revelação de ser filho do Max (Marcello Novaes).O Jorginho, continuará sendo um menino íntegro, carinhoso e de bom caráter. Jorginho, nos revela que as dores da vida não aniquila o seu espírito de homem bom.Pelo contrário, acentua que os seres humanos possuem o livre arbítrio para optarem pelo bem ou pelo mal. O personagem vivido pelo belo e talentoso Cauã Reymond, mostra também, que os laços de AMOR nem sempre são consanguíneos.Pois, sua relação de amizade,respeito e amor pelo Tufão (Murilo Benício) jamais será abalada, se fortalecerá mais ainda, ao descobrir que seu pai de sangue é o marginal do Max. Se para alguns, o autor João Emanuel Carneiro merece críticas por acentuar a reflexão sobre a temática da vingança. Eu sugiro aos mesmos, que não o condenem por algumas cenas, isto suscita vingança contra atitudes que desaprovamos. Na novela Avenida Brasil, a Nina levou uma família inteira enganada e explorada pela vilã a conhecer os sabores da boa culinária, garantiu melhor tratamento e melhores salários para os empregados, estimulou o Tufão a ter prazer pela leitura, começando por Eça de Queirós através do Primo Basílio,além de ser a salvação da pequena Ágata que sofria de bulimia, transtorno ocorrido em decorrência das atitudes agressivas da mãe. Sabemos, que novela é obra de ficção. Mas, vale lembrar que a vida imita a arte e que a arte expõe a vida.Por isso...eu só posso parabenizar o João Emanuel Carneiro, pela construção de uma obra que assemelha-se ao real cotidiano de muitos cidadãos e agradecer por levar para os lares de muitos brasileiros,reflexões sobre História, Literatura e Cinema no núcleo dos descomprometidos(casa do Tufão) com a educação, como mecanismo de incentivo ao percurso pelo curioso mundo do saber e do conhecimento.
há 12 horas
Talita Maciel
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Bela reflexão a cerca da novela Global em seu blog Lila...pena que a grande maioria que acompanha esse tipo de evento no Brasil jamais conseguirá ter sequer metade da noção e compreensão de sua leitura sobre tal "obra"...
há 12 horas
Talita Maciel- Bela reflexão a cerca da novela Global em seu blog Lila...pena que a grande maioria que acompanha esse tipo de evento no Brasil jamais conseguirá ter sequer metade da noção e compreensão de sua leitura sobre tal "obra"...
Não existe vingança perfeita. Acredito que não se vingar seja a melhor vingança. Fazer esperar uma resposta que nunca virá.
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